Abridores




Os Abridores STARR X


Na época em que a maioria das bebidas eram vendidas em garrafas de vidro, havia a necessidade de um abridor de garrafas que não se quebrasse ou quebrasse a garrafa.

Um dos mais famosos tipos de abridores fabricados nos EUA é o abridor para ser afixado em parede, muito usado no Brasil, na década de 1960, quando o comércio de bebidas tinha grandes refrigeradores de gabinete de madeira e havia, normalmente, pelo menos um aparafusado em uma das portas. Conhecido como STARR "x” (Star com dois erres”). Para os colecionadores de abridores este é um item muito difícil de ser conseguido na sua totalidade, com centenas de tipos diferentes.

Ao longo dos anos, os abridores de garrafas STARR “X” tornaram-se colecionáveis devido à sua história, marca registrada e variedade de designs. Fabricados em vários formatos tais como: em padrão sem logotipo ou com logotipos de cervejas clássicas, artesanais, refrigerantes, esportes; em alto relevo ou baixo relevo; coloridos, banhados de zinco, níquel, cromo e até ouro. O abridor de garrafas STARR "X" pode ser impresso com um logotipo plano, em relevo ou gravado para vendas premium, promocionais ou licenciadas. Esses abridores de garrafas ainda são produzidos hoje para engarrafadores, cervejarias, atacadistas, distribuidores, varejistas e outros fabricantes. Há quase cem anos a Brown Manufacturing distribui seus abridores de garrafas com a marca STARR em todo o mundo.

Mas vamos à história: Raymond Brown, nasceu em 1888, foi o filho mais novo de um médico do campo residente em vários lugares no Condado de Onslow, Kinston e Tarboro, Carolina do Norte. Ele tinha dois irmãos e três irmãs. Não fez faculdade por causa das limitações de dinheiro da família, mas de alguma forma foi ajudado para fundar com um de seus irmãos a Brown Brothers Company, uma fornecedora de supermercados por atacado, por volta de 1909, quando ele tinha vinte anos.

Em 1912 eles combinaram com o engarrafador de Coca-Cola em Kinston, Carolina do Norte (NC), para engarrafar e distribuir Coca-Cola na parte do território que era difícil para o engarrafador atender.

Isso levou a Coca Cola Tarboro a se tornar independente. No início, as bebidas eram enviadas pela East Carolina Railroad (linha de trem de trajeto curto que se juntava em Farmville, NC, com a Norfolk Southern), para depósitos ao longo da linha, de onde os pontos de venda os buscavam. Em 1914, a Brown Brothers ouviu falar de um acordo semelhante no mercado em Newport News, onde a fábrica da Coca-Cola Norfolk alugou seu direito à Península, o que era impraticável para eles cobrirem. Este acordo durou até a Brown Brothers comprar, por volta de 1920, a participação da Norfolk no território da Península. Os negócios prosperaram especialmente durante a mobilização e a guerra, de modo que na década de 1920 deu a Brown Brothers ativos para investir em outras empresas.

Enquanto isto, em 18 de setembro de 1924, Thomas C. Hamilton, um cidadão de Boston, Massachusetts, fez um pedido de registro de uma patente para um abridor de tampa de garrafa para ser preso à parede. A patente, 1.534.211 foi emitida em 21 de abril de 1925.

Depois de Tarboro Raymond Brown, residiu em Newport News, assim, por volta de 1925, Raymond Brown, proprietário de várias empresas de engarrafamento de Coca Cola, iniciou a Brown Manufacturing em Newport News, Virginia. Em 1927, casou e a família mudou-se para uma casa maior no Condado de Elizabeth City, que agora faz parte de Hampton, Virgínia. Ele permaneceu lá até sua morte em 1989.

Não sei como Raymond Brown ficou sabendo do abridor de Hamilton. Tudo o que sei é que ele estava ansioso para ter uma operação industrial suplementando seu engarrafamento de Coca-Cola e que ele tinha um lugar, máquinas e uma força de trabalho disponível para empregar nela. Ele tinha acabado de descobrir que o produto de um empreendimento paralelo anterior, uma máquina de gravação doméstica que havia sido produzida e vendida, era baseada em pesquisas inadequadas e não teve um desempenho aceitável para os consumidores, o "engenheiro" que o havia induzido a produzi-la provou ser um ex-funcionário descontente e incompetente da Edison. Assim, a pequena operação de fabricação abrigada dentro do prédio de engarrafamento da Coca-Cola e sua pequena força de trabalho estava disponível para algum outro produto.

Alguém, talvez o próprio Hamilton, mostrou a Raymond a patente e ele ansiosamente abraçou o projeto. Ele arranjou com uma fundição de Richmond (Virgínia) para ter os moldes feitos. O acabamento, decoração e expedição dos abridores foi feito nos espaços utilizados para o extinto "projeto anterior". A operação real na planta envolvia quebrar os moldes separar e tirar o fragmento da junta entre os abridores, em seguida, suavizar os abridores, polir com pedras redondas em tambores de metal, em seguida, banhar em níquel, zinco ou cromo, pintar os logotipos em relevo, embalar e despachar para os clientes. Havia cerca de dez mulheres fazendo o trabalho mais leve e um homem que manuseava os barris de fundição e levava os abridores embalados para os correios ou estação de carga.

A operação de engarrafamento da Coca-Cola continuou nos espaços adjacentes do prédio. Quando a operação de engarrafamento foi movida para outro bairro a um quarteirão de distância, a fabricação de abridores de garrafas expandiu-se para o edifício meio vazio mais antigo sem que os processos mudassem.

Em 9 de fevereiro de 1942, Raymond Brown fez algumas modificações e pediu o registro de uma versão modificada da patente de Thomas Hamilton. A qual foi concedida em 2 de novembro de 1943 uma nova patente com o número 2.333.088. A principal melhoria da patente original foi a inclusão de 2 batentes traseiros adjacentes à aba original do abridor de garrafas. Esses batentes traseiros evitavam que as tampas das garrafas ficassem presas no abridor, para que o próximo usuário não tivesse que remover fisicamente a tampa da garrafa com os dedos.

Na década de 1970, a empresa passou a ter como responsável o seu filho, Raymond Brown Júnior, que morreu em um acidente de avião. Depois de sua morte a empresa foi assumida por sua esposa, Pat Brown. Ela vendeu o negócio e o prédio em que estava localizado para o filho de um vizinho, James Borden, que foi dono da empresa por 10 anos e acabou vendendo para uma empresária de sucesso Barbara Brim, cuja empresa, Trademark Marketing International, era cliente da Brown Manufacturing Co. e comprava o abridor de garrafas 'Drink Coca-Cola' STARR "X" da empresa em grandes quantidades. Quantidades grandes o suficiente para ser um dos maiores clientes da Brown. Ao vender, Borden solicitou que a Brown Manufacturing Company permanecesse uma empresa independente. Assim, Barbara Brim criou a Brown Manufacturing Company como uma corporação da Geórgia em 1998 e seu filho, David Brim, passou a administra-la. Em 2005, David comprou a empresa de Barbara. David continua a dirigir a empresa até hoje com a ajuda de sua esposa, Cathy e os filhos: Boyd e Anna.

Nãp há uma explicação para a marca Starr (com dois erres), mas para o "X" sim, ele foi usado no lugar em que deveria ficar o número da patente enquanto se aguardava o respectivo registro e que por se tornar assim conhecido acabou sendo registrado em 1937 como marca.

Alguns dos tipos mais colecionáveis destes abridores são os abridores "made in USA" que foram produzidos entre 1925 e o início da década de 1970. Designs como NEHI, Drink Mavis e Orange Crush podem ser vendidos no eBay por centenas de dólares. Outros designs com o "X" abaixo do STARR, "patente pendente" ou "Patenteado 21 de abril de 1925" também são muito colecionáveis porque são alguns dos designs mais antigos conhecidos.

Todos os abridores de "STARR X” se parecem na frente, tendo como diferença o número de patente impresso. Todos os abridores feitos após 1943 terão o número de patente mais novo.

Na parte de trás do abridor de garrafas aparece um número que representa a posição do abridor dentro de um molde de padrão maior usado para fundição. Moldes de padrão para os EUA podem ser de 1 a 200+ enquanto os moldes alemães são de número 1 a 45+. Se for identificado um defeito com um abridor após ser lançado, o número permite que a fundição localize rapidamente e corrija o problema.

A outra diferença está na parte de trás. Qualquer data entre 1929 e o início da década de 1970 traz escrito "Made in the USA". Isso significa que foi moldado em qualquer uma das fundições em todo os EUA que a Brown Co. usou. A partir dos anos 70, a Brown Manufacturing Company transferiu sua fundição para a Alemanha Ocidental. Todos os abridores feitos do início dos anos 1970 até 1991 dizem "Made in W. Germany". Finalmente, todos os que dizem "Made in Germany" foram construídos de 1991 a 2006.

Para mais esclarecimentos veja o vídeo a seguir:


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Abridores com Furo Quadrado


Muitos abridores de garrafas do início do século XX, têm um pequeno orifício quadrado chamado de "Chave Prest-O-Lite".

O automóvel, a primeira "carruagem sem cavalo" tinha simples lâmpadas a óleo, e isto quando tinha alguma coisa. A chama amarela que nascia do pavio, imerso em um recipiente com óleo, querosene ou gasolina, dava apenas luz aos motoristas para que eles evitassem os buracos.

Logicamente isso não significa que não havia quem viajasse à noite ou precisasse de luzes para chegar em casa. Por isso, desde o século 18 os cocheiros adaptavam lanternas às suas carruagens.

Como a luz precisava iluminar ao redor dos cavalos, os cocheiros instalavam uma lanterna em cada lado da carruagem. Inicialmente eles usavam velas e refletores de metal polido. Depois da descoberta do acetileno, no fim do século 19, as velas foram substituídas por recipientes com o gás. São as chamadas “carbide lamps” ou simplesmente “lanternas/lâmpadas de acetileno”. Os faróis Prest-O-Lite foram originalmente usados em charretes puxadas por cavalos.

Os condutores de automóveis, naqueles tempos heroicos, não se atreviam a viagens noturnas, não só porque o estado das estradas não era dos melhores, mas também por haver a possibilidade de um desarranjo no motor.

Quando os primeiros carros começaram a circular, eles tinham motores sob os bancos ou na parte traseira do chassi, então os faróis poderiam ficar em qualquer lugar, mas como o design daqueles carros era diretamente derivado das carruagens — é por isso que naquela época, antes de ser chamados “automóveis”, eles também eram chamados de “horsless carriages“, ou “carruagens sem cavalos”. Por isso quando alguém decidiu colocar faróis em um carro, eles foram posicionados como as lanternas das carruagens. Mais tarde, quando os próprios fabricantes passaram a equipar seus carros com faróis de fábrica, o padrão simplesmente foi mantido e assim permanece até hoje.

A velocidade dos automóveis não passava muito dos 15 km/h. Mas à medida que os automóveis ficavam mais velozes, começaram a exigir uma luz mais clara, deixando o antigo sistema de iluminação com um pavio embebido em óleo, querosene ou gasolina e no começo do século XX, vários automóveis começaram a utilizar a nova técnica de iluminação à base da queima do gás acetileno. O acetileno era obtido por meio de uma reação química que acontecia na própria lanterna com a mistura de água e carbureto. Para a chama não apagar, a lanterna era protegida por um vidro. Infelizmente, este combustível não durava muito e era bastante volátil, mas era a solução mais eficaz para iluminar o caminho. O histórico Ford Modelo T, por exemplo, usava lâmpadas de acetileno à frente e a óleo na traseira.

Evidente que acender esse equipamento não era tarefa simples. Primeiro era necessário abastecer os reservatórios com água e carbureto. Para dar início à reação química que liberaria o gás, deixava-se a água gotejar sobre o carbureto. Quando o gás acetileno começava a se formar era a hora de abrir a válvula e acender o farol com um fósforo. Isso sem contar a dificuldade de limpar e desobstruir os dutos do sistema e o mau cheiro do gás.

Era, apesar de algumas resistências a seu uso, um mal necessário. Havia sempre o perigo de explosões, necessitavam de frequentes inspeções. Mas, por mais de quinze anos, a iluminação a acetileno foi praticamente a única a ser usada nos carros a motor.

Mas, o que os faróis tem a haver com o abridor de garrafas? Com a invenção da tampa (coroa de cortiça) e por conseguinte do abridor de garrafas, logo no início as cervejarias visualizaram um espaço para sua propaganda e passaram a utilizar o corpo do abridor para anunciar seus produtos e seus endereços. Outras cervejarias com um pouco mais de visão, além de sua propaganda procuraram colocar nos abridores alguns apetrechos com alguma outra utilidade, pois quanto maior a utilização maior a visibilidade de sua propaganda, incluindo no abridor peças como: saca-rolhas, cortador de capas de rolha de cortiça, pequenas chaves de fenda ou furadores e o mais importante: um furo quadrado.

Esse furo, na verdade fazia com que o abridor se transformasse numa ferramenta imprescindível, para quem utilizasse os faróis de acetileno, foi usado a partir de 1910 até o início de 1930, para abrir e fechar a válvula e permitir a regulagem da chama nos faróis dos veículos, antes que os faróis elétricos fossem amplamente utilizados.




Conteúdo extraído do site "The Virtual Corkscrew Museum"
Seção Daily News dos dias 6, 7 e 8/02/2003
Autor: Donald Bulls

A CHAPINHA (CROWN CORK)

Seja você o juiz

         Em 1894 William Painter recebeu uma patente para um "abridor de tampa de garrafa". Dois anos antes Painter tinha recebido três patentes para um "Aparelho de vedação de garrafas". Anterior a sua invenção, de 1892, mais de 1500 tipos de tampas de garrafas tinham sido patenteadas. Somente entre 1882 e 1890 havia 337 tampas patenteadas. A imprensa havia escrito que "É consideravelmente difícil se achar qualquer coisa na linha de tampas que já¡ não tenha sido explorada".

         Painter aceitou o desafio da imprensa com "A única maneira de fazer uma coisa é começar a fazê-la". Painter, durante a sua vida, teve a seu crédito mais de 80 patentes incluindo melhorias em uma caixa de engraxar sapatos, uma lâmpada e numerosas bombas e válvulas. Ele começou seu trabalho sobre a "tampa em coroa" (chapinha) em 1889 e seu sucesso dura até hoje. A "tampa em coroa" (chapinha) predomina na indústria de garrafas por gerações. Seu projeto prevaleceu sôbre centenas de outros fechamentos de garrafas e sua "tampa em coroa" (chapinha) é conhecida e usada mundialmente.

         Eis aqui duas de suas patentes do "Aparelho de vedação de garrafas" emitidas em 2 de fevereiro de 1892:


U.S. Patent Nº 468.226


U.S. Patent Nº 468.258


         Embora a patente da esquerda tenha um número mais baixo, o pedido foi concedido quase um ano após o da direita (19 de maio de 1891 vs. 18 de junho de 1890). O pedido da patente anterior inclui um desenho da tampa presa por um excesso lateral do material utilizado para a tampa e indica que a tampa tem "a borda projetada, assim em flange, para que possa ter recursos para um apoio de confiança, onde uma alavanca possa ser colocada, permitindo a remoção da tampa prontamente em conseqüência de uma ação de erguimento ou de puxão".



         Três páginas depois neste pedido de patente, Painter escreveu "Serão óbvias que quando algum forma especial de abridor for requerida para destacar a tampa com a maior conveniência possível, qualquer ferramenta de beirada fina ou faca podem prontamente ser aplicadas à projeção da borda para remover a tampa, e para permitir o uso de um saca-rolhas cada tampa está perfurada centralmente no alto, possibilitando que um saca-rolhas possa retirar melhor o disco ou cortiça de vedação.

         Sugere também que "Os abridores de garrafas planejados por mim... e adaptados para remover as tampas seladas... serão assunto de um ou mais pedidos de carta de patente em separado".

         No segundo pedido de patente, Painter esboça mais ferramentas para remover sua tampa em coroa: "Eu inventei as tampas sem rosca e topo fechado bem como organizei uma combinação disso com as garrafas, onde as tampas podem quase prontamente ser removidas com uso de uma faca, uma chave de fenda, um prego, um picador de gelo ou um outro instrumento pontudo disponível como se um abridor especial fosse usado, neste caso, naturalmente, sempre preferível quando as garrafas necessitam ser abertas rapidamente".



         Painter teria, agora, dado ao mundo sua tampa em coroa (chapinha) que poderia ser removida pelos inúmeros métodos que descreveu e todos teriam de esperar suas idéias do abridor de garrafas mais adiante".

O ABRIDOR DE GARRAFAS

         A terceira patente do "aparelho de vedação de garrafas" emitida para William Painter em 2 de fevereiro (número 468.259) teve uma data de arquivamento posterior, 5 de novembro de 1899. Esta patente tratava de uma tampa que tinha uma tira em forma de alça no topo da folha metálica . Introduzindo um instrumento pontudo nesta alça a tampa podia ser forçada a sair.

         Nesta patente Painter estipula também o uso de uma cortiça e de um saca-rolha. Escreve: "minhas tampas de vedação possuem maior valor prático para o uso em relação às rolhas... e tendo um furo pequeno no centro da tampa, como indicado em linhas pontilhadas na Fig. 1 (abaixo), um saca-rolhas pode ser introduzido e simultaneamente retirar a cortiça e remover a tampa".

         Uma adição interessante aos desenhos da patente é a figura 12 onde Painter diz que "ilustra uma ferramenta planejada para o uso como uma alavanca manual para puxar as tampas de vedação das garrafas". Embora o anel no alto do punho não tenha sido projetado para erguer a tampa removendo-a, é certamente um sinal das coisas que virão.



         Depois que William Painter patenteou sua "coroa de cortiça" (chapinha), fundou a "Crown Cork e Seal Company" na área do cantão de Baltimore, Maryland. Desenvolveu a maquinaria para a produção e execução, então começou a tarefa de comercializar a idéia. Uma propaganda publicada no "Western Brewer" em 15 de setembro de 1894 mostrou uma variedade de maneiras de remover a "coroa de cortiça" (chapinha) incluindo o uso de uma ponta de saca-rolhas, uma lâmina de canivete e um cabo de colher. Estes eram alguns dos pensamentos expressados em pedidos de patente do aparelho de vedação de garrafas de Painter.

         Que enorme número de saca-rolhas com espirais inutilizadas e facas com lâminas quebradas foram usadas em tentativas falha de remover uma tampa?



         Em sua patente da tampa em coroa, Painter teria dito que pediria a patente para seu abridor de garrafas. Em 5 de Junho de 1893 cumpriu sua promessa e pediu uma patente para o "abridor de garrafa tampada". Note que desde 1892 as patentes estavam em seu nome e este novo pedido de patente foi feito em nome da Crown Cork & Seal Cia. Sua alegação era:

         "Um abridor de garrafa tampada que consiste em um cabo apropriado, com uma cabeça onde se adaptou uma pequena aba para se encaixar na borda da tampa e também tendo uma medida de diâmetro que permite um contato com o lado da cabeça próximo a aba, e ainda tendo recurso para mais distante deste apoio permitir um melhor acoplamento com a parte superior da tampa".

         Em 6 de fevereiro de 1894 sua invenção recebeu a patente número 514.200 dos Estados Unidos. Painter tinha desenvolvido um sistema para tampar as garrafas e agora o método perfeito para remover a tampa. Ambas suas idéias mudariam a maneira como as bebidas foram introduzidas no mercado nas décadas seguintes.


William Painter
1838-1906

         O maior trabalho seria, agora, convencer os fabricantes de cerveja e engarrafadores a usar a tampa em coroa. Sua invenção foi vista com ceticismo. Como a bebida reagiria à cortiça? Quanto tempo se manteria? Para provar que a coroa de cortiça (chapinha) era a melhor vedação de garrafas, Painter enviou algumas garrafas de cerveja fechadas com coroa de cortiça (chapinha) em um navio da América do Norte para a América do Sul. Quando o navio chegou, a cerveja não tinha perdido seu sabor. Alguns fabricantes de cerveja e engarrafadores começaram a se converter ao seu sistema. Outros ainda estavam céticos. Até a gigante Cervejaria Pabst de Milwaukee não estava disposta a aceitar esta nova ideia corrugada. Continuaram a arrolhar sua cerveja até 1910.

         A companhia cresceu rapidamente, e a época em que Painter morreu, em 1906, a companhia já¡ tinha fábricas na Europa, na Ásia, e na América do Sul. Na década de 1930 a Crown Cork & Seal Co. produzia a metade da produção de tampas de garrafas no mundo.

         Em 1908 um abridor de garrafas foi produzido com um cabo de prata ornado. E Interessantemente mostra uma mão que segura um saca-rolhas que puxa a cortiça de uma garrafa. O abridor de garrafas traz gravado "PATD FEB 6 94" (patenteado em 6 de fevereiro de 1894).

         Apenas porque a coroa de cortiça (chapinha) estava sendo produzida, isso não significou o fim de outros métodos de vedar frascos. A fim fazer com que o abridor de garrafas de Painter tivesse mais utilidade, os primeiros exemplos foram produzidos com outras funções. Nos seguintes cortes das propagandas da Crown Cork & Seal Co. vemos um abridor que contempla a combinação do removedor de tampa de alça, com o removedor de tampa de alumínio e o removedor da coroa de cortiça (chapinha).

         Agora o saca-rolhas tinha que ter uma maior dimensão. O levantador de tampas (abridor de garrafas) começou a aparecer em muitas patentes de saca-rolhas como um acessório.

A COMPETIÇÃO

         Na publicação Indiana: Da fronteira à comunidade industrial, de 1954, John D. Barnhart e Donald F. Carmony escreveram:

         "A Bernardin Bottle Cap Co. foi fundada em 1881, em Evansville, por Alfred Louis Bernardin, Isto deu início à primeira manufatura de fechos metálicos não somente nos Estados Unidos, mas até onde se conhece, no mundo. Já que Bernardin estava no negócio de importação de vinho e havia tido problema com as rolhas que saltavam fora em embarques oceânicos, planejou uma braçadeira de metal ajustada sobre a rolha e para baixo em torno do gargalo da garrafa com uma cinta de metal que apertasse a braçadeira e impedisse que a rolha saltasse fora no trânsito. Mais tarde, o Sr. Bernardin inventou muitos outros tipos de fechos metálicos para os recipientes de vidro que são ainda populares e de uso atual. Ele Inventou a tampa da cerveja, ou o tampa em coroa, usada atualmente em garrafas de cerveja e de refrigerantes".

        No final dos anos 70, eu pesquisava as patentes do abridor de garrafas e do saca-rolhas e fui surpreendido ao ver uma patente para uma "ferramenta que destampa garrafa" que datava quase sete meses antes da patente de William Painter. A patente número 501.050 dos Estados Unidos tinha sido emitida em 11 de julho de 1893 para Alfred L. Bernardin, de Evansville, Indiana, com atribuição para a Bernardin Bottle Cap Co.

        Eu retirei a patente de Painter e observei que Bernardin pediu a sua patente em 14 de março de 1893, quase dois meses antes do pedido de Painter em 5 de junho. A principal diferença da ferramenta de Bernardin era, como escreveu "preso a um balcão ou outro suporte estacionário, para adaptar a garrafa e servir de alavanca na remoção da tampa" e a ferramenta de Painter era um aparelho manual.

        Posteriormente, no início de 1982, eu encontrei um Sr. Alfred L. Bernardin em Evansville, Indiana e pergunto sobre as patentes. Em resposta, escreveu:

        "A Bernardin Bottle Cap co." foi fundada em 1881 por A. L. Bernardin, meu avô. Eu tenho um álbum com umas vinte patentes requeridas durante sua carreira, até sua morte em 1916, incluindo o abridor de garrafas.

        O Sr. Bernardin reivindicou também ser o inventor da tampa da cerveja. Quando seu superintendente da fábrica desapareceu por um mês e apareceu em Baltimore, Maryland, tinha sido empregado por cinco homens que, me disse, eram os fundadores da Crown Cork & Seal Co. Os pedidos de patente foram encaminhadas por ambas as companhias, o que resultou em ação na justiça. Bernardin ganhou a primeira apelação, que foi revertida várias vezes através de diversas instâncias. O superintendente alegou, aparentemente, ter sido instrumental no desenvolvimento, que foi a base para os processos judiciais".

         em um folheto "background to the Crown" sem data, Cecil J. Parker, químico chefe nos laboratórios de pesquisa da Crown Cork Co. em Southall Londres, escreve:

         "William Painter, de descendência inglesa viveu em Baltimore, Maryland. Profissionalmente era um engenheiro mecânico e por natureza um gênio nas coisas mecânicas... Ao certo, nós não sabemos como ele se interessou pelo problema de vedação de garrafas, mas como muitos outros faziam nesse tempo, o mais provável é que a sua posição na engenharia o colocou em contato com um inventor que estivesse trabalhando em alguns modelos de algum forma de vedação."

        Era esse "inventor" da fábrica de Bernardin?

        Parker continua:

        "No verão de 1891, enquanto William Painter passava as férias na praia de Rhode Island ele redigiu um projeto para a vedação superior da tampa, o qual foi destinado a revolucionar a indústria de frascos. Em outras palavras a tampa em coroa (chapinha) havia nascido."

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        As ideias da tampa em coroa se originaram em Evansville, Indiana? Alguém da fábrica de Bernardin encontrou Painter em Maryland e mostrou o funcionamento do modelo de Bernardin? É visível que ambas as firmas eram fábricas de tampas de garrafas durante o tempo que surgiram os abridores de garrafas." Foi coincidência ambos requererem suas patentes na mesma época?

        E o mais importante, dado o fato que Bernardin pediu sua patente do abridor de garrafas antes, ele não é realmente o inventor do abridor de garrafas?

        Seja você, o juiz.



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